domingo, 15 de agosto de 2010

Julgamento Ímpio (Romanos 2.1-11)

"Sabe o que mais me perturba acerca de Jeffrey Dahmer?
O que mais me perturba não são os seus atos, embora
odiosos. Dahmer foi culpado de dezessete assassinatos. Onze
cadáveres foram encontrados em seu apartamento. Ele cortou braços
e comeu partes dos corpos. Meu dicionário contém 204
sinônimos para vil, mas nenhum deles é suficiente para descrever
um homem que armazenou caveiras em seu refrigerador, e conservou
o coração de uma de suas vítimas. Ele redefiniu os limites
da brutalidade. O monstro de Milwaukee dependurou-se no mais
baixo degrau da conduta humana, e então deixou-se cair. Mas não
é isto o que mais me aborrece.
Posso dizer-lhe o que mais me incomoda a respeito de Jeffrey
Dahmer? Não foi o seu julgamento, por mais perturbador que
tenha sido, com todas aquelas imagens dele sentado serenamente
na corte, face gélida, inerte. Nenhum sinal de remorso, nenhuma
sombra de pesar. Lembra-se de seus olhos de aço e seu semblante
impassível? Mas não falo dele por causa de seu julgamento. Há
uma outra razão. Permite-me dizer-lhe o que realmente me
transtorna acerca de Jeffrey Dahmer? Posso contar-lhe?
Sua conversão.
Meses antes que um companheiro de cela o assassinasse,
Jeffrey Dahmer tornou-se um cristão. Falou de seu
arrependimento. Estava triste pelo que fizera. Profundamente triste.
Confessou sua fé em Cristo. Foi batizado. Iniciou uma nova vida.
Começou a ler livros evangélicos e a assistir aos cultos na prisão.
Pecados lavados. Alma limpa. Passado perdoado.
Isso me transtorna. Não deveria, mas é assim que me sinto.
Graça para um canibal? É possível que você tenha as mesmas reservas. Se não quanto a Dahmer, talvez sobre outro alguém.
Quem sabe, relutante quanto a conversão de um estuprador, que
se arrepende no leito de morte, ou de um molestador de crianças,
que se converte na última hora. Nós os sentenciamos, não numa
corte, mas em nossos corações. Temo-los posto atrás das grades e
trancado a porta. Eles estão para sempre encarcerados, em nossa
repugnância. E então, o impossível acontece: eles se arrependem.
Nossa reação? (Atrevamo-nos a confessá-la?) Cruzamos os
braços, enrugamos a testa e dizemos: “Deus não o deixará escapar
assim tão fácil. Não depois do que você fez. Deus é bom, mas não é
tolo. A graça é para pecadores normais, como eu, não para
pervertidos iguais a você”.
E para provar, buscamos Romanos. “Porque do céu se
manifesta a ira de Deus sobre...” E Paulo alista pecado sexual,
maldade, egoísmo, ódio, ciúme, assassinato (Rm 1. 18-30). Nós
queremos gritar “Isso mesmo, Paulo! Já era hora de alguém falar
contra o pecado! Já era tempo de se arrancar a máscara do
adultério e pôr à mostra a desonestidade! Pegue esses pervertidos.
Agarre esses traficantes. Apoiado, Paulo! Nós, os decentes, os
obedientes à lei, estamos com você!
Reação de Paulo?
“Vocês são tão ruins quanto eles. Quando afirmam que eles
são maus e deveriam ser castigados, vocês estão falando de si
mesmos, pois fazem essas mesmas coisas” (Rm 2.1 BV).
Ooopa!
Quem é essa pessoa? Poderia ser qualquer um (“Ó homem,
quem quer que sejas) que filtre a graça de Deus através de sua
opinião pessoal. Qualquer um que dilua a misericórdia de Deus em
seu próprio preconceito. É o irmão do filho pródigo que não quis
comparecer à festa (Lc 15. 11-32). É o trabalhador de dez horas
frustrado porque o que trabalhou apenas uma hora ganhou o
mesmo salário (Mt 20. 1-16). É o censor obcecado pelos pecados de
seu irmão, e esquecido dos seus próprios.
Se você “acha que pode julgar os outros” (Rm 2.1), Paulo tem
um duro lembrete a você. Não lhe cabe a função de segurar o
martelo."
Fonte: Nas Garras da Graça - Max Lucado

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